Nos dias 14, 15 e 16 de outubro de 2015 será realizado o Encontro Anual da Sociedade Latino-Americana de Economia Política e Pensamento Crítico (SEPLA) na Cidade do México, por ocasião do décimo aniversário da organização.

O objetivo do encontro é refletir sobre os principais problemas atravessados por países latino-americanos e, após uma década trabalhando como uma organização regional de economistas críticos, fazer um balanço em torno dos desafios e contribuições da Economia Política da América Latina a partir de uma perspectiva inter e multidisciplinar.

Depois de mais de duas décadas de imposição do neoliberalismo na América Latina, com resultados devastadores para os nossos povos, a década de 2000 marcou grandes mudanças nas esferas política e econômica, portanto, consequencia do acúmulo de força e poder dos movimentos sociais de resistência. Em muitos dos países da região, os governos tiveram de considerar esta nova correlação de forças, ainda que com heterogeneidade significativa das políticas alternativas empregadas: a partir de programas econômicos escassamente social-democratas (Honduras, Guatemala, Paraguai, El Salvador, Paraguai), passando por políticas neodesenvolvimentistas (Brasil, Argentina, Uruguai, Nicarágua), até programas anti-imperialistas e pró-socialistas (Venezuela, Bolívia, Equador e, é claro, Cuba).

A mudança política na América Latina deu impulso a políticas progressistas e de redução da pobreza através de várias combinações de expansão da massa salarial e salários reais e dos programas sociais de redistribuição e de emprego, com resultados significativos em termos de crescimento econômico e, sobretudo, de igualdade e justiça distributiva. Além disso, houve avanços significativos em alguns casos, para a complementaridade da democracia formal com formas participativas de representação popular. Finalmente, as aspirações de integração regionais lideradas pelos Estados Unidos e seu projeto neoliberal foram freados, e se implementaram as bases para projetos de integração regional baseadas na cooperação e solidariedade internacional (ALBA, Sucre, CELAC, UNASUL).

Sem dúvida, a favorável situação política e econômica internacionais contribuíram para este desempenho. Os preços relativos favoráveis ​​de exportação de commodities ajudaram as balanças comerciais de um grande número de países. Politicamente, o intenso envolvimento político e militar dos EUA em outras regiões do mundo supôs um paliativo para sua ingerência imperialista na América Latina.

Este conjunto de tendências enfrentou vários desafios, limites e contradições: a intensificação do caráter extrativista ou neoextrativista nas economias da região, a tensão de reprimarização, que limita as possibilidades de industrialização e condiciona o comércio exterior, a escassa formalização do emprego, os baixos níveis de participação salarial na renda nacional, a pressão dos capitais transnacionais na estrutura de produção e suas próprias necessidades de acumulação, a exportação de grandes fluxos de capital para os países centrais, o papel condicionante das burguesias locais no processo de mudança, o alcance limitado da participação estatal na produção, e os limites maiores à participação popular na administração das empresas públicas existentes, entre outros. As ambiguidades sobre o caráter de classe ou popular de alguns governos trouxeram não poucos dilemas para a classe trabalhadora e suas organizações. A presença de projectos de integração regional com base no livre comércio e da subordinação política ao norte continua a ser um risco que tensiona a agenda, como mostrado pela Aliança do Pacífico.

A década de 2010 trouxe desafios e obstáculos à continuação da trajetória política e econômica da América Latina. Em primeiro lugar, a crise estrutural global mudou o contexto internacional e também atingiu, ainda que em menor medida, aos países da América Latina envolvidos em processos de transformação. Em segundo lugar, as tentativas contínuas de desestabilização e o golpismo político tenderam a apresentar maior incidência e força como resultado do desgaste dos programas econômicos e políticos implementados, bem como da renovada intervenção imperialista comandada pelos EUA. Por sua vez, a conjuntura econômica positiva com base em termos de troca favoráveis para a região ​​chegou ao fim.

Consequentemente, as dificuldades e os desafios que os países de Nossa América enfrentam são múltiplas. Por um lado, os já mencionados, relativos à oposição política, a ofensiva imperialista e a conjuntura econômica menos favorável. Além disso, foram colocados em debate os limites das políticas anti-neoliberais nacionais e / ou anti-capitalistas. Por outro lado, foram questionadas as tendências de burocratização dos setores estatais responsáveis por executar as políticas econômicas alternativas e a necessidade de um maior papel e poder das organizações de trabalhadores e dos movimentos sociais amplos na elaboração e controle das políticas públicas, bem como o estímulo a formas de propriedade coletivas. Igualmente, foram propostos os limites da implementação das políticas econômicas no âmbito dos Estados-Nação, e foi desenhada a necessidade de reforçar os processos de integração regional solidária para transcender as fronteras nacionais.

Convoca-se pela presente a pesquisadoras e pesquisadores, professoras e professores, estudantes e intelectuais a participar do Encontro da SEPLA, por ocasião do seu décimo aniversário

Contato: encuentrosepla2015@gmail.com

Página Web do Encontro: http://encuentrosepla2015.wix.com/ppal

 

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